Palavras...


Aquela palavra saiu. A bem dizer não foi uma palavra, mas um turbilhão de palavras. Saíram sem querer, sem pensar, sem intenção e sem vontade de magoar, ferir ou diminuir. Mas saíram. As palavras impensadas saem a grande velocidade. Mais, imensamente mais rápido que as que pensamos. Ninguém as pode parar. Ninguém as consegue suster. Pode ser mas não podem sair, não podem ser mais fortes, não podem ter mais poder. Seja como for, não têm desculpa, não podem ser apagadas, não têm reparação. Não vale a pena pedir desculpa, não vale a pena falinhas mansas, nãos há gesto que possa apagar, silenciar aquela palavra, aquele turbilhão, aquele ramalhete impensado. Não adianta lamentar-se com a vida, o stress, o cansaço, a exaustão. Só há uma solução, reeducar-se. Reaprender a silenciar o poder do exterior que não deixa mergulhar no eu mais profundo, que não deixa que me encontre comigo. Que não me deixa ser. Só há uma resposta, ser um homem novo, voltar a querer ser quem devo ser, reencontrar o caminho interior. A única saída é o esvaziamento interior de tudo quanto corrói, corrompe, azeda, amargura e perturba o ser mais profundo.

Fonte: Porque o céu é azul

Foto: Ana Mateus

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