Ninguém vê Deus sem morrer

"Quando aceitamos o próprio sofrimento, quando com ele consentimos, quando o procuramos, quando o amamos, quando ele se nos torna o próprio sinal e o próprio objecto do amor generoso e desinteressado, quando transfiguramos a dor na acção perfeita, quando levamos a acção até ao momento da morte, quando a cada acto morremos e quando a morte é o acto por excelência, então, através deste triunfo da vontade que desconcerta a própria natureza, suscitamos no homem uma vida nova, uma vida sobre-humana.
Conhecemos o coração do homem pelo modo como recebe o sofrimento: o sofrimento é em nós a marca duma presença estranha.
O sofrimento é o elemento novo, inexplicado, desconhecido, infinito, que atravessa a vida como gume revelador.
Tal como ninguém pode amar Deus sem sofrer, ninguém vê Deus sem morrer. Nada vai até ele que não tenha ressuscitado primeiro; porque nenhuma vontade é boa se não soube sair de si própria para deixar o campo aberto à total invasão da Sua."

Maurice Blondel (1861-1949)

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