Missão Nordeste Algarvio-Crónica dos Cutódios

Pela terceira vez, apesar do vento, da chuva e do frio, lá nos pusémos a caminho ao encontro daquelas gentes que já trazemos no coração, por vezes, ainda lhes trocamos os nomes... Pensaram que não iríamos aparecer por causa do mau tempo!... mas nós não desistimos por tão pouco e Deus tínha-nos reservado um belo fim de semana.
Fomos directos para Vaqueiros. Como tínhamos prometido no mês passado fomos fazer o almoço na casa dos Custódios, o Sr António, está acamado e quase não fala e a esposa Custódia tem também muitos problemas de saúde, mas não tem "diabretes", a nora é que tem, conta-nos ela, e está sempre muito só, sem ter com quem falar - o filho e a nora trabalham e eles estão sempre sós. No mês passado desabafou connosco: se ao menos tivesse uma televisão, sempre me entretia um pouco... então o Paulo conseguiu que, no trabalho dele, lhe dessem uma televisão, e lá levámos a televisão. Assim que ela a viu disse logo que era muito bonita e acrescentava: será que a vão mesmo deixar cá?...
Ao almoço juntaram-se o filho, que é pastor e a nora, que estava ainda deitada pois trabalha numa padaria e entra às 17h e sai às 3h -4h da manhã. O almoço teve que ser na casa deles, porque a da Sra Custódia é muito pequena e não cabíamos lá. Também se juntou a nós a Fátinha e as duas filhotas, que também vivem naquele monte. Éramos 16 à mesa, foi uma alegria... não dá para exprimir por palavras a alegria que se sentia ali, entre todos. Comemos, cantámos, brincámos e na hora da despedida, a Deolinda, nora da Sra Custódia, prometeu-nos que no próximo mês serão eles a fazerem o almoço para nós. E ela não nos deixou mais, até ao fim do dia, andou sempre connosco e ao despedirmo-nos, ao fim da tarde, confessou-nos que há muito que não passava um dia tão feliz: "Nem calculam o que foi este dia para mim!".

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